Black Myth Wukong

Jogosdecassinobr – Um ser extremamente poderoso desafiando deuses logo no momento em que damos play no jogo não é nenhuma novidade. Vimos isso acontecer em God of War e uma palavra que sempre definiu muito bem os jogos protagonizados por Kratos é épico. Em 2019, tivemos o lançamento de Sekiro: Shadows Die Twice. Um frenético soulslike que une um combate ágil e que exige o máximo de precisão do jogador com a dificuldade e excelentes batalhas de chefe de outros títulos da FromSoftware. E se uníssemos os principais elementos de ambos os jogos e colocássemos um dos maiores nomes da mitologia chinesa na soma? Bom, isso é Black Myth: Wukong.

O game surgiu na Internet em um clipe lindo. Com gráficos estonteantes e um combate bastante fluido. Lançado como jogo de estreia do polêmico estúdio chinês Game Science. Que chamou atenção não apenas por Black Myth: Wukong. Mas também por se envolver em acusações de sexismo e declarações de que o jogo deles não é feito para mulheres. O título tem em visuais e gameplay seus pontos mais fortes. Mas nem tudo são flores.

Por conta dos magníficos gráficos, muitos jogadores pensaram que Wukong seria uma farsa e apenas mais um daqueles belíssimos games que surgem na Internet, porém nunca chegam a ver a luz do dia. Sobre isso, sim, Black Myth: Wukong é real, eu joguei e posso dizer: embora a história não seja tão brilhante, Wukong se destaca com um combate extremamente divertido e um desafio nível soulslike — apesar de o estúdio definir que o jogo não pertence a esse subgênero. Em linhas gerais, me diverti muito ao longo da aventura e quase tive uma experiência muito prazerosa, se não fossem os quase infinitos travamentos e crashes que presenciei.

Torne-se o lendário Rei Macaco

De cara, ao começar um novo jogo, Black Myth: Wukong me trouxe a mais pura sensação de estar jogando um God of War, principalmente os títulos da saga grega da franquia da PlayStation, em que Kratos é completamente maluco e só quer saber de matança e desafiar os deuses. Na introdução do jogo controlamos Sun Wukong, o lendário Rei Macaco, surpreendido por uma investida da Corte Celestial, embora ele só esteja buscando paz.

Aqui começa a jornada, com uma batalha que me deixou extremamente empolgado e deu uma prévia do que veria ao longo das mais de 35 horas de gameplay que o jogo oferece. Este trecho inicial também serve como um tutorial para apresentar o excelente combate que Black Myth: Wukong traz. Temos ataques leves e pesados. Que combinados formam poderosos combos. Além de um pequeno, mas útil. Acervo de magias como paralisação. Tornar-se pedra para impedir ataques e transformações em seres da mitologia chinesa com afinidade elemental.

A batalha do tutorial é fácil e não tive dificuldades em vencê-la, porém, de alguma forma, Sun Wukong é derrotado e selado em uma rocha. Anos se passam, e então surge o Destinado, protagonista do jogo. Neste ponto da trama recebo a missão de unir as cinco relíquias do Rei Macaco e o dever de me tornar a lenda da mitologia chinesa.

Essa é a premissa da história que corre ao longo de seis capítulos. Ao final de cada um dos episódios da trama temos belíssimas animações de estilos diferentes — de desenhos cartunescos até stop-motion. Todas elas contam com trilhas sonoras encantadoras e servem para adicionar camadas de profundidade à narrativa do jogo, que não é o destaque, mas funciona muito bem em conduzir a espetacular jogabilidade. Essas cenas de final de capítulo foram a minha parte favorita em todo o jogo.

Nessa parte cinematográfica, as animações ao fim de cada capítulo brilham imensamente, mas as cutscenes in-game não atingem o mesmo nível de qualidade. Elas ainda são ótimas, mas têm cortes tão bruscos e esquisitos que, mesmo sem entender muito de cinema, você percebe que há algo de errado ali. Ângulos de câmera são um problema em muitos momentos do jogo e quando o Destinado se esgueira em passagens estreitas, por exemplo, a câmera se posiciona de forma estranha e demora a voltar para as costas do personagem — isso também ocorre na hora de abrir baús.

Para maior compreensão da história e da mitologia de cada oponente ou aliado apresentado durante a trama há um grande códice com informações de personagens, inimigos e chefes. É uma ferramenta muito útil, mas que na versão de review estava bugada. Alguns inimigos não tinham uma página traduzida para o português e suas informações estavam em inglês, enquanto outros estavam completamente em mandarim.

Uma incrível Jornada ao Oeste

Ciente do objetivo, comecei minha Jornada ao Oeste em busca das relíquias do Rei Macaco. Como mencionado anteriormente, o jogo é dividido em seis capítulos e cada um deles se passa em um grande mapa aberto com diversas rotas. A exploração é bastante livre, mas os objetivos para progressão permanecem lineares. O que me agradou muito por estar um tanto quanto farto de experiências de mundo aberto repetitivas e artificialmente alongadas com conteúdos desinteressantes. Para termos um vislumbre das belas áreas do jogo há pontos de meditação. Locais em que o Destinado pode descansar. Refletir e ter uma visão do que existe ao redor daquela área. Quando usados, esses locais de meditação concedem um ponto de melhoria.

Essas grandes áreas são representadas por diversos biomas. O primeiro capítulo, por exemplo. Se passa em uma área florestal. Enquanto o segundo vai para um deserto. E isso é apenas uma amostra da variedade de cenários lindos e ricos em detalhes de Black Myth: Wukong. Que pecam na exploração não tão recompensadora. Senti que faltou um pouco de incentivo na hora de sair caçando itens e bugigangas para facilitar a minha jornada, porque os melhores equipamentos, como armas e armaduras, são obtidos e criados nos santuários (o equivalente às bonfires do jogo), o que torna a busca por itens pelo mapa um pouco capenga, embora ainda existam recompensas úteis.

Existem NPCs espalhados ao longo dessas áreas, porém eles são poucos e nenhum deles teve uma quest interessante — exceto o javali Zhu Bajie, companheiro carismático de Sun Wukong que nos ajuda em diversos momentos do game. Os NPCs basicamente estão ali para esclarecer algumas questões da história ou dar suporte na função de lojistas. Como o Macaco Shen. Responsável por melhorar nosso Porongo (Estus Flask do jogo), que possui variantes que podem ser trocadas e cada uma delas tem uma característica de cura. Como recuperar determinada porcentagem de vida e mana.

O soulslike que não quis ser soulslike

Usei termos de Dark Souls propositalmente para evidenciar as semelhanças que Black Myth: Wukong tem com outros soulslikes. Desde o primeiro trailer o jogo foi comparado a Sekiro. O que é muito justo. Afinal. Ambos se beneficiam de um combate extremamente ágil. Uma longa lista de chefes dividida entre subchefes e bosses principais (vamos falar mais sobre esses embates mais à frente).

A jogabilidade do título da Game Science se assemelha a Sekiro em muitos níveis. O que mais difere as obras é que Black Myth: Wukong não tem defesa ou aparo. Para evitar ataques podemos apenas desviar. Usar o giro do bastão para evitar projéteis ou usar a magia Rigidez Pétrea. Que se acionada no momento certo. Anula o dano que seria recebido. Um elemento bastante divertido são as transformações. Sejam as mágicas. Em que você se transforma em algum Yaoguai com afinidade elemental. Ou as de espírito. Nas quais você assume a forma de um ser que dará um ataque único e de alto dano.

Diferentemente de Dark Souls e Elden Ring. Black Myth: Wukong usa um sistema de árvore de habilidades bastante extenso. É possível distribuir pontos para magias, ataques. Estatísticas e habilidades de postura do bastão.

A progressão de fases é semelhante à de um soulslike: você explora o mapa. Enfrenta inimigos comuns e alguns mais fortes. Abre alguns atalhos, luta contra chefes e minichefes e tudo converge em uma grande boss fight estonteante de alta dificuldade para conquistarmos a relíquia de Sun Wukong daquele capítulo. Em todos os momentos de jogo Black Myth: Wukong se parece com um soulslike. Joga de modo semelhante a um título do subgênero dos RPGs de ação. Porém.

Como a própria Game Science define. Ele não é um soulslike. Apesar da alta dificuldade de algumas batalhas que me deixaram travado por horas em determinados chefes — que me evocaram a mesma frustração e raiva de estar lutando contra uma Malenia da vida. Há outras inúmeras semelhanças com títulos da FromSoftware e até mesmo com Nioh. Da Team Ninja.

Para um jogo que não se vende como um soulslike. Black Myth: Wukong deveria trazer uma experiência mais amigável. É estranho a Game Science não querer posicionar o jogo como um soulslike, porque haveria espaço para ele ser um dos melhores da categoria. Enquanto em um mar de ARPGs ele é só mais um ótimo jogo. Mas que não está presente entre a nata do gênero.

Parte técnica estraga uma jornada épica e divertida

Apesar dos belíssimos visuais e ótimo combate. Nem tudo são flores em Wukong. Até este ponto. Eu tinha muitos elogios ao título da Game Science. Mas a parte técnica do jogo beira o desastroso — e não estou falando de problemas gráficos. Muito menos de bugs ou problemas de jogabilidade que frustram a experiência. Como foi o caso do lançamento de Cyberpunk 2077. Mas sim de travamentos e crashes que me forçaram a fechar o jogo pelo gerenciador de tarefas. Perdi as contas das vezes que precisei reiniciar uma batalha de chefe que estava praticamente ganha porque o jogo havia crashado.

No primeiro momento achei isso normal, afinal, um crash ou outro é um pouco comum numa versão de review antes da chegada dos primeiros patches de correções. Mas após sofrer muitas vezes com esses travamentos. Ficou evidente que é um problema de otimização que a Game Science precisa resolver o quanto antes.

Há também momentos em que o jogo apresenta alguns engasgos e quedas de frames. Infelizmente. Isso é bastante frequente em batalhas. Principalmente contra oponentes que se locomovem rapidamente de um lado a outro da tela. O que torna algumas lutas extremamente irritantes e frustrantes.

O Veredicto

Black Myth: Wukong tem tudo para ser um dos nomes da disputa de Jogo do Ano de 2024. Apesar de pecar no quesito técnico. A história muito bem contada traz personagens interessantes. Mas não é brilhante. O que deixa margem para o excelente combate roubar os holofotes com ótimas batalhas de chefe e uma variedade de inimigos espetacular. O game é um admirável convite para os jogadores conhecerem mais sobre a riquíssima mitologia chinesa.

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One thought on “Black Myth: Wukong – Review”
  1. […] Jogosdecassinobr – Depois de muita espera, é a hora de começar o Campeonato Francês de 2024/25 – e nada mais óbvio que o atual campeão, o Paris Saint-Germain, fazer o jogo de abertura. Em busca do 13º título e de mais um tetra consecutivo, a equipe de Luis Enrique visita o Le Havre x PSG: no Stade Óceane, às 15h45 (de Brasília) desta sexta-feira (16). […]

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